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13 de janeiro de 2012
Português, o que ensinar?
Você, todos os professores do Ensino Básico e eu temos um objetivo prioritário: fazer com que os alunos aprendam a produzir bons textos.
Por isso, reunimos nesta página algo para ajudá-lo(a) a aprimorar o ensino desse conteúdo.
Organizado em dez capítulos, um guia com mais de 120 links para reportagens, vídeos, planos de aula, entrevistas, artigos, citações e portfólios especialmente produzidos por NOVA ESCOLA. Boa leitura!
O QUE ENSINAR
1. Concepção de linguagem
Provocação
Você ensina Língua Portuguesa ou Práticas de Linguagem?
Se você estiver alinhado com as atuais concepções de linguagem, deve ensinar os alunos a pôr em prática a linguagem, formando cidadãos leitores e escritores de uma cultura em que a escrita é predominante. Com base nas pesquisas desenvolvidas pelo filósofo russo, Mikhail Bakhtin, essas concepções têm como peças-chave a relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a intenção de quem o produz e a interpretação de quem o recebe. Portanto, mais do que ensinar os elementos e as normas que compõem a Língua Portuguesa, precisamos ensinar as Práticas de Linguagem que vivenciamos em nossa língua materna. “O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam ‘decifrar’ o sistema de escrita”, resume a educadora argentina, Délia Lerner.
Ponto de partida
Concepções de linguagem alteram o que e como ensinar.
Mikhail Bakhtin - O filósofo do diálogo.
Palavra de especialista
A interação por meio da linguagem (por Cláudio Bazzoni, em vídeo).
Cronologia
Da Reforma Pombalina à publicação dos PCNs.
Caso real: o que mudou ao longo de 24 anos de carreira.
Expectativas de aprendizagem
O que os alunos devem saber ao final do 5º e do 9º anos.
Mitos
Três equívocos sobre produção de textos.
Na dúvida?
Qual a diferença entre língua, idioma e dialeto?
2. Reconceitualização do objeto de ensino
Provocação
Como um professor que acompanha as pesquisas sobre didática, você abandonou de vez as redações sobre as férias, a primavera ou de tema livre. Agora, você trabalha com gêneros e sua aula vai ser sobre fábula. Então, você diz aos alunos que a fábula tem uma narrativa breve, na qual os personagens geralmente são animais tipificados como humanos, que se envolvem em uma situação-problema. O enredo se resolve com a solução do problema e uma lição de moral. Depois dessa explicação, você pede para que os alunos produzam cartazes sobre as características da fábula. Sua concepção de ensino de produção de texto mudou mesmo?
Não, ainda. A escrita é uma prática social e o professor que pretende ensinar a escrever deve ter como referência fundamental os conteúdos envolvidos nas práticas sociais da leitura e da escrita. Isso não se faz verbalmente, como no exemplo acima. É preciso desenvolver os chamados comportamentos leitores e escritores, algo que se conquista por meio da familiarização com os textos em situação de leitura e com a prática da escrita de diferentes gêneros.
Ponto de partida
O que são comportamentos leitores e escritores.
Fala, Delia Lerner!
Vídeo - O papel da escrita na formação do leitor.
É preciso dar sentido à escrita e à leitura na escola.
Resenha - Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário.
Fala, Roger Chartier!
Os significados sociais dados aos textos pelo autor e pelo leitor.
Fala, Bernard Schneuwly!
O ensino por meio dos gêneros deve ser feito com profundidade.
Fala, José Saramago!
A língua é uma ferramenta de comunicação e cabe à escola ensinar a usá-la.
Fala, Ruth Rocha!
O primeiro passo é descobrir se a criança realmente entende o que anda lendo.
Leia também
Revisão vai além da ortografia.
“Pode ler. Eu já li e gostei."
Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina.
Variar textos: a melhor receita para formar leitores.
Compreender, eis a questão!
Textos com estilo.
COMO ENSINAR
3. Condições didáticas
Provocação
Seus alunos estão estudando sobre a Índia, nas aulas de História. Você decide pedir a eles que, em grupos, produzam gibis sobre o tema. É uma boa estratégia?
Não. Trata-se de um caso típico (e muito comum) de uma atividade que provoca a transformação do gênero. Em História, vale dedicar muito mais esforços à produção de textos típicos do contexto de estudos, como os resumos ou texto informativo, pelo qual se comunica o conteúdo. Para esses gêneros serem produzidos, o trabalho deve ser precedido de atividades de pesquisa como ler textos sobre o tema, sublinhar, resumir trechos, anotar.
Gibis, por sua vez, têm por princípio a função de entreter, não a de informar. O trabalho de construção de personagens de gibis, por exemplo, demandaria um espforço não compatível com as expectativas sobre o conteúdo em questão (História da Índia).
Como resultado, os alunos perdem tempo se preocupando com a elaboração de textos e imagens que não vão provocar entretenimento e perdem a chance de aprender a escrever textos informativos e comunicar o que aprenderam sobre a Índia. Esse exemplo hipotético ilustra bem o fato de que, quando se produz um texto, é preciso garantir as respostas a três condições didáticas: O que será escrito (ou qual o conteúdo e o gênero do texto)? Para quê (ou qual é sua função comunicativa)? Para quem (o destinatário)?
Palavra de especialista
É preciso garantir as condições didáticas da produção textual. (por Cláudio Bazzoni, em vídeo)
Leia também
Escrever de verdade.
O que e para que(m)?
Gêneros, como usar?
“Alô, turma de EJA."
Portfólio
Um conto, uma fábula e um editorial escritos por alunos.
Na dúvida?
Gibis podem ser usados em sala de aula? Como?
4. Modalidades Organizativas
Provocação
Por que o projeto didático é uma boa modalidade para ensinar a produzir textos?
Para atender às condições didáticas da produção de texto, o projeto é uma modalidade estratégica porque tem como resultado um produto final, com finalidade comunicativa definida e que pode ser lido por destinatários reais.
Segundo Delia Lerner, essa modalidade organizativa torna “possível criar no aluno um projeto próprio e permite mobilizar o desejo de aprender de forma independente do desejo do professor”. Isso não significa abandonar as atividades permanentes e as sequências didáticas de escrita focadas em conteúdos específicos. Cada objetivo requer uma modalidade diferente e a combinação de diferentes modalidades contribui para enriquecer o trabalho.
Palavra de especialista
Quando usar cada modalidade organizativa? (por Delia Lerner)
Leia também:
O mundo em revista.
Jornal na sala de aula - leitura e assunto novo todo dia.
Blog: diário (de aprendizagem) na rede.
Podcasts sobre Ariano Suassuna: casamento proveitoso.
Projetos didáticos
Biografias e autobiografias.
Mural de animais em extinção.
Solte os bichos e faça um livro.
Cão e companhia - enciclopédia de verbetes.
Resenha Crítica, gênero textual da esfera jornalística.
Literatura e podcast - Com poesia a imaginação voa e a escrita melhora.
Atividades permanentes
Leitura com textos jornalísticos.
Análise de Conto de Escola.
Sequências didáticas
Do oral para o escrito.
Almanaque da classe.
Plano de aula
Outdoor: convencer em poucas palavras.
Propostas curriculares
Secretaria de Educação de Nova Lima-MG.
Escola Projeto Vida-SP.
5. Da reescrita à autoria
Provocação
A reescrita inibe a criatividade do aluno?
Não. Ao reescrever a versão pessoal de uma história conhecida ou com alterações solicitadas pelo professor, como a mudança de cenário, de tempo ou de narrador, o aluno pode realizar um grande esforço criativo para conseguir reconstruir a mesma história e não perder a coerência. Esse processo, baseado em diferentes maneiras de reescrever um texto-fonte, é parte integrante do percurso de autoria, que pode ser construída com muita prática e reflexão.
Ponto de partida
Ser autor exige pensar no enredo e na estrutura.
A reescrita
Palavra de especialista.
A reescrita no percurso de autoria. (por Débora Rana, em vídeo)
Como ler para escrever bons textos? (por Débora Rana, em vídeo)
Atividade de reescrita coletiva com alunos de uma 3ª série. (por Bia Gouveia, em vídeo)
Reportagens
Como reescrever um texto mudando o narrador.
Contos 2.0
Projetos didáticos
Reescrita com personagem-narrador.
A caminho da autoria.
O Velho Chico dá assunto para muita escrita e leitura.
Reescrevendo histórias.
A produção de textos literários
Reportagem.
Ler para escrever.
Sequências didáticas
Leitura para refletir sobre a escrita.
Comparando diferentes versões de Pinóquio.
Atividades permanentes
Contos sem mistério algum.
Os poetas e o fazer poético.
O que cabe na lata do poeta?
A produção de textos informativos em contexto de estudos
Palavra de especialista
Delia Lerner: ler e escrever em contexto de estudo.
Reportagem
Raio X da notícia.
Atividade permanente
Leitura de textos informativos.
Leitura de textos informativos. (em vídeo)
Sequência didática
Leitura e escrita de textos informativos.
Vasculhando a rede.
6. Reflexão sobre a linguagem
Provocação
Ao trabalhar com diferentes gêneros, você não precisa mais ensinar conteúdos como a gramática e a ortografia, focando apenas os aspectos discursivos do texto, que afetam diretamente seu sentido. Verdadeiro ou falso?
Falso. Tanto quanto a pontuação, a gramática e a ortografia também interferem na compreensão de um texto. A questão está em como trabalhar esses conteúdos. Decorar regras e mais regras não vai servir para desenvolver os comportamentos escritores. Por outro lado, ao estudar as normas gramaticais e ortográficas de maneira contextualizada e integrada à produção de seus textos, o aluno tem mais chances de compreender que o uso inadequado de certas estruturas vai comprometer o sentido da sua mensagem.
Ponto de partida
Os problemas ortográficos mais comuns do 3º ao 5º ano e as propostas para resolvê-los.
Palavra de especialista
Delia Lerner aborda a reflexão sobre a linguagem. (em vídeo)
Célia Diaz Argüero fala sobre pontuação na alfabetização inicial.
A revisão
Reportagens:
- A chave para o bom texto: revisão.
- O uso de recursos da informática nas aulas de Língua Portuguesa.
A pontuação
Reportagem: Pontuar? Depende do gênero, do leitor...
Plano de aula - Aprendendo a fazer uso da pontuação.
Atividade permanente - Revisão de textos com foco em pontuação.
A gramática
Reportagem: Gramática sem decoreba.
Atividade permanente - Os porquês do porquinho.
Plano de aula - Estudando a paragrafação de verbetes enciclopédicos
Jogo online - As regras de utilização do hífen.
Na dúvida?
Por que há substantivos que servem tanto para o gênero masculino como para o feminino?
Qual é a diferença entre a norma gramatical, a padrão e a culta?
A ortografia
Manual da Nova Ortografia.
Reportagens:
As duas faces da ortografia: regularidades e irregularidades.
De olho na ortografia.
É hora de escrever certo.
Plano de aula - Trabalhando uma questão ortográfica com ditado interativo.
Na dúvida?
As letras K, W e Y são consideradas consoantes ou vogais?
Qual a utilidade do dicionário?
Como colocar em ordem alfabética as palavras com cedilha?
7. Avaliação
Provocação
A qualidade do produto final é o único elemento a se considerar na avaliação da produção de textos dos alunos. Certo?
Errado. A avaliação deve ser uma espécie de termômetro das produções escritas dos alunos, desde o primeiro dia de aula. Partindo de uma avaliação diagnóstica, o professor pode adequar o planejamento às necessidades da turma, identificando as dificuldades de cada aluno. A partir daí, todas as atividades devem ser consideradas para compor sua avaliação final.
Ponto de partida
A necessidade e os bons usos da avaliação, por Telma Weisz.
Palavra de especialista
Diagnóstico e avaliação. (por Cláudio Bazzoni, em vídeo)
Reportagens:
- O que cada um sabe?
- Avaliação inicial na produção de texto. (em vídeo)
Sequência didática
Diagnóstico inicial da produção de texto dos alunos.
8. Produção de texto na alfabetização
Provocação
Se os alunos ainda não dominam completamente a escrita alfabética, não é possível trabalhar a produção de textos. Certo?
Errado. O conhecimento do sistema alfabético não é um pré-requisito para a elaboração de um texto. Definir o conteúdo que será escrito, adequá-lo a um propósito comunicativo e organizar as ideias são comportamentos escritores que não dependem da representação gráfica das palavras e que as crianças devem praticar desde a pré-escola. Uma das maneiras de trabalhar esses conteúdos é o ditado que os alunos fazem para o professor, o que torna possível às crianças se perceberem capazes de escrever antes de estar alfabetizadas.
Ponto de partida
Produzir texto sem escrever.
Na ponta do lápis.
Ler e escrever de verdade na 1ª série.
Aulas que estão no gibi.
Palavra de especialista
Com significado, desde o começo. (por Delia Lerner)
Aquisão do código e compreensão do texto, ao mesmo tempo. (por Ana Teberosky)
É preciso conhecer as características da linguagem escrita. (Telma Weiz)
Projetos didáticos
Criar agendas telefônicas.
Livro de parlendas preferidas.
Reescrita de histórias conhecidas.
Indicação literária.
Texto informativo sobre filhotes.
Legendas para fotos.
Atividades permanentes
Escrever para aprender. (em vídeo)
Ditado para escriba. (em vídeo)
Leitura de textos informativos. (em vídeo)
Interação com a linguagem escrita.
Sequências didáticas
''Eu já sei ler gibi!''
Galeria de personagens
9. Inclusão
Provocação
Na sua sala de aula está Mariana, uma aluna com deficiência auditiva. Enquanto a turma trabalha no projeto didático de produção de um livro de receitas, você elabora diferentes sequências didáticas exclusivas para Mariana, com exercícios de palavras-cruzadas e aulas retiradas de livros didáticos. Você está incluindo a aluna em um processo de aprendizagem?
Não. Segundo Maria Teresa Eglér Mantoan, da Faculadade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), incluir não significa diferenciar uma atividade para os que têm deficiência, mas aceitar e autorizar que cada um percorra seu caminho específico para resolver o mesmo problema que a turma toda vai solucionar. Uma criança com deficiência auditiva é capaz de aprender a produzir textos, desde que algumas flexibilizações sejam feitas nos conteúdos, no tempo das atividades, nos recursos utilizados ou até no espaço da sala de aula.
Palavra de especialista
A inclusão nas atividades de produção de texto. (por Daniela Alonso, em vídeo)
Reportagem
Como Matheus controlou o tamanho da letra.
Flexibilização
O melhor espaço no momento da roda.
Recursos a favor do surdo-cego.
Mais tempo e repetições para quem tem Síndrome de Down.
Sequência didática
Saberes e sabores.
Plano de aula
Agenda telefônica.
Atividade permanente.
Leitura.
10. Formação de professores em produção de texto
Veja mais em: http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto
Um comentário:
muito bom parabéns a escritor
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