10 de janeiro de 2012

Cruz e Sousa


Cruz e Souza

João da Cruz nasceu a 21 de novembro de 1861, em Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina. Filho de escravos, negro sem mescla, o próprio poeta ao nascer sustentava a condição de escravo. Sua família foi alforrada quando do início da Guerra do Paraguai, por seu dono, o marechal Guilherme Xavier de Souza.
O antigo senhor e sua esposa cuidam do menino João da Cruz, dando-lhe inclusive o sobrenome Sousa. Sempre a proteção do marechal Guilherme, estuda no Liceu Provincial Catarinense.
Em 1882, juntamente com Virgílio Várzea, dirige a Tribuna Popular, jornal abolicionista. Em consequência dos problemas de preconceito racial, vê-se impelido a abandonar, em 1883, sua terra natal. Por esta época, trabalha como ponto e secretário da companhia teatral de Julieta dos Santos, percorrendo quase todas as províncias brasileiras.
Voltando para Santa Catarina, é nomeado promotor público em Laguna, mas não chega a assumir o cargo, por preconceito de cor.
Transfere-se para o Rio de Janeiro; trabalha na imprensa, mas seu melhor salário é o de um miserável emprego na Estrada de Ferro Central do Brasil.
Cruz e Souza é sem dúvida, a figura mais importante de nosso Simbolismo. Como poeta, teve apenas um volume publicado em vida: Broquéis. Os dois outros volumes de poesia são póstumos. Sua obra apresenta uma evolução importante, uma vez que abandona o subjetivismo e a angústia inicial para posições mais universalizantes. De fato, sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do homem negro (evidentes colocações pessoais), mas evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano - a sublimação, a anulação da matéria para a libertação da espiritualidade, só conseguida na sua totalidade pela morte.
Em 1893 casa-se com Gavita Rosa Gonçalves, também negra; o casal teve quatro filhos, todos prematuramente falecidos (o de vida mais longa morreu aos 17 anos). Gavita enlouquece e permanece internada durante longo tempo.
Morrem o pai e a mãe do poeta. Em 1897, tuberculoso e pobre, procura refúgio na cidade mineira de Sítio, vindo a falecer em 19 de março de 1898.
Seu corpo foi transladado de Minas Gerais para o Rio de Janeiro fora do esquife, num vagão de animais.

Fonte: NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Editora Scipione, 1990. (Página 162-163)

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