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15 de janeiro de 2011
Um novo jardim
UM NOVO JARDIM
(Artigo publicado no jornal “O Globo” de 12/12/2010)
Por: Osias Wurman*
O recente incêndio que devastou cinco milhões de arvores em Israel, durante 84 horas, ceifando 41 vidas, mobilizou 20 países, e a presença de quase 200 voluntários estrangeiros, todos pilotos ou bombeiros.
O destaque foram os aviões enviados pela Turquia e os carros de combate ao fogo enviados pela Autoridade Palestina.
Pego de surpresa, e relativamente sem recursos materiais para combater um incêndio de gigantescas proporções, o governo de Israel apelou por socorro internacional, em alto e bom tom.
O vulto da catástrofe ecológica pode ser mais bem entendido se considerarmos que serão necessários 40 anos para recompor as matas e reservas florestais que foram destruídas.
Falando no ato do sepultamento de um jovem herói de 16 anos que, voluntariamente, lançou-se contra as chamas na tentativa de salvar israelenses presos num ônibus atingido pelo fogo, Shimon Peres, o presidente de Israel, disse que a solidariedade compensou e superou a carência material.
Na verdade, tivesse o mundo civilizado, nas décadas de 30/40, ouvido com a mesma atenção e presteza, ao chamamento em prol das vitimas civis do regime nazista, o povo judeu não teria perdido 1/3 de sua população.
A presente demonstração de apoio ao povo de Israel emocionou a todos que vivenciaram a destruição física e material provocadas pelas labaredas no Monte Carmel.
Como efeito colateral benigno, ressaltamos o restabelecimento de conversações diretas entre Israel e Turquia, que aconteceram imediatamente em Genebra, na Suíça, e as prolongadas conversas telefônicas entre Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina.
Os ventos que alimentaram as chamas também sopraram novas esperanças de paz para a região.
Negociações diretas entre as partes, única saída viável para o impasse que perdura por mais de seis décadas, não devem ser postergadas ou boicotadas por novas soluções unilaterais.
Extemporâneas e erráticas manifestações em prol da declaração imediata de um Estado Palestino, sem a imprescindível anuência e parceria do Estado de Israel, só servem para tumultuar um processo de paz que evoluiu, ainda que lentamente, desde o acordo de Oslo II, assinado em 1995 por Itzhak Rabin e Yasser Arafat.
Perderam-se preciosas vidas humanas e animais, e foram destruídas inestimáveis reservas florestais, orgulho de uma nação que “transformou um deserto num jardim”, mas, se tiverem servido para amenizar a litigância na região, aproximando as partes, não terá sido em vão.
A emocionante solidariedade mundial servirá para estimular os verdadeiros amantes da paz, do lado israelense e palestino.
*Osias Wurman é jornalista e cônsul honorário de Israel no Rio.
Fonte: http://brasilia.mfa.gov.il/mfm/web/main/missionhome.asp?MissionID=8&
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