Kunshan, China.
A vitrine polida do “progresso socialista”, onde tudo brilha — menos a vida das pessoas.
É ali, no coração da modernidade chinesa, que dezenas de milhares de jovens escorregam direto para a rua, não por falta de trabalho, não por irresponsabilidade, mas porque caíram na famigerada lista negra do sistema de crédito social.
E quando você entra nessa lista, amigo, você deixa de existir.
A utopia digital vira cassetete invisível.
O Alipay e o WeChat, esses deuses modernos que decidem se você pode comer, simplesmente te desligam da realidade.
Sem serviços bancários, sem pagamentos, sem aluguel, sem comida, sem emprego.
Kunshan vira uma máquina de triturar gente.
Gente real, com rosto, nome, história — jogada para fora do próprio país como se fosse lixo eletrônico desatualizado.
E o mais irônico é ouvir a elite ocidental babando pela eficiência chinesa.
Falam de “ordem”, de “disciplina social”, de “sociedade modelo”.
Modelo de quê? De distopia?
Porque é isso que acontece quando o Estado ganha o direito de te punir apertando um botão.
Na prática, se você pensa errado, fala errado, posta errado ou simplesmente desagrada alguém com poder, você perde tudo.
Não há julgamento.
Não há defesa.
Não há apelação.
Há apenas um algoritmo dizendo que você não merece viver em sociedade.
E pronto: Kunshan te engole e te cospe na sarjeta.
Esse é o futuro que muitos idiotas úteis querem importar para o Ocidente.
O futuro onde liberdade vira luxo, opinião vira risco e sobrevivência depende da nota que o governo te dá.
Kunshan é o aviso.
Um aviso claro, cruel e escancarado:
quando a tecnologia se junta ao autoritarismo, não nasce modernidade.
Nasce um campo de concentração digital.
E quem aplaude isso merece exatamente o mundo cinzento que está ajudando a construir.
