Nome: CÂMARA, Diógenes Arruda
Nome Completo: DIOGENES ARRUDA CAMARATipo: BIOGRAFICO
CÂMARA, Diógenes Arruda
*mov. comunista; dep. fed. SP 1947-1951.
Diógenes Alves de Arruda Câmara nasceu em Recife por volta de 1914. Sua família possuía engenhos de açúcar desde o século XVIII e seu tio, monsenhor Alfredo de Arruda Câmara, foi revolucionário de 1930, constituinte de 1934, deputado federal por Pernambuco de 1935 a 1937, constituinte de 1946 e deputado federal por Pernambuco de 1946 a 1970.
Simpatizante da causa comunista desde 1932, Diógenes Arruda Câmara ingressou no Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1934 e, chegando à Bahia em 1936, como funcionário do Ministério do Trabalho, passou a integrar o comitê regional do partido. Em 1937 tornou-se um dos editores da revista Problemas, que circulava no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e em São Paulo. Em fins de 1938, foi criada na Bahia a revista Seiva, de orientação antifascista e, por interferência direta de elementos do comitê regional baiano, a publicação assumiu caráter nacional, tornando-se o único órgão antifascista em circulação no país. Em 1939, ano em que Arruda Câmara deixou de ser editor da revista Problemas, a repressão às atividades do PCB aumentaram, levando ao desbaratamento de diversos comitês. Em abril de 1940, o comitê baiano foi desfeito e Arruda Câmara foi preso. Libertado em fins de 1941, foi para São Paulo, onde tentou rearticular o comitê regional do partido, mas não obteve sucesso, pois, sendo pouco conhecido na capital paulista, havia muita desconfiança sobre sua pessoa. No início de 1942, viajou para Buenos Aires — juntamente com João Andrade, também remanescente do comitê baiano, que conseguira fugir para São Paulo em dezembro de 1941 — e, ao longo de três meses, discutiu com outros membros do partido a sua linha política.
Retornando ao Brasil em março de 1942, Arruda Câmara e João Andrade tentaram contato com membros do PCB em São Paulo, que se encontravam dispersos. Não conseguindo impor sua liderança, Arruda Câmara e a ala baiana que se encontrava em São Paulo procuraram contatos no Rio de Janeiro, onde o grupo chefiado por Maurício Grabois e Amarílio Vasconcelos controlava a Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP) e vinha tendo uma atuação mais dinâmica. Durante a fase de entendimentos entre os dois grupos, Arruda Câmara tornou-se um elemento de ligação, por contar com a confiança de ambos, e teve uma participação destacada. Ao final, a liderança de Luís Carlos Prestes (ainda que preso) foi aceita, embora com resistência dos paulistas, que se marginalizaram. A nova estruturação do PCB foi formalizada pela Conferência da Mantiqueira, realizada clandestinamente em agosto de 1943. O comitê central, que tinha Prestes como secretário-geral, era integrado por Diógenes Arruda Câmara, Mário Alves, Maurício Grabois, Amarílio Vasconcelos, João Amazonas, Pedro Pomar, Ivan Ramos Ribeiro e Álvaro Ventura. Na ocasião, foi redigido um documento em favor da união nacional dos comitês regionais, ainda que grupos minoritários tivessem discordado.
Em abril de 1945, com a desagregação do Estado Novo (1937-1945), foi concedida a anistia aos presos políticos e, com a libertação de Luís Carlos Prestes, Diógenes Arruda aliou-se a ele na reorganização do PCB, afinal legalizado em outubro, mês em que Getúlio Vargas foi deposto. Segundo Osvaldo Peralva, nessa ocasião Arruda era o segundo dirigente do partido, tendo conseguido neutralizar tentativas de outros, como Pedro Pomar, para ultrapassá-lo.
Promulgada a nova Constituição em 18 de setembro de 1946, a Assembléia Nacional Constituinte foi transformada em Congresso ordinário e foram marcadas eleições suplementares para deputado e para o terceiro senador de cada estado, para 19 de fevereiro de 1947. Diógenes Arruda foi eleito deputado federal por São Paulo, na legenda do Partido Social Progressista (PSP), não sendo, portanto, atingido pelo cancelamento do registro do PCB em maio de 1947 e, conseqüentemente, pela cassação dos mandatos dos parlamentares eleitos nessa legenda, o que lhe permitiu continuar como um dos líderes do núcleo dirigente que então se formou.
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