Bem-vindo ao resumo do curso de Desenho Arquitetônico, da Coleção de Competências Transversais do SENAI. Neste curso, aborda-se a História, Normatização, Materiais e Instrumentos, Formato do Papel, Cotas, Planta Baixa e Ferramentas Utilizadas. Boa sorte! O profissional de desenho arquitetônico deve demonstrar de modo criativo os aspectos da sua ideia, sem deixar dúvidas para qualquer pessoa que esteja lendo o desenho executado. Seus símbolos devem fazer-se entender, de modo que a linguagem gráfica deva ser simplificada e com um grande número de detalhes.
Introdução
Embora você já tenha contato com desenho desde os primeiros anos de sua vida, fazem-se necessárias algumas informações sobre o desenho técnico para que você possa distingui-lo dos demais. Vamos então aprender um pouco.
O desenho é uma forma de expressão, assim como a comunicação verbal e escrita, usada por artistas e diversos profissionais e, de uma forma geral, projetistas que necessitam transmitir uma ideia de produto a fim de que o entendimento de sua execução seja feita da maneira mais clara possível. Assim, esta comunicação realiza-se através de linhas, traçados, símbolos e indicações textuais, todos estes normatizados internacionalmente.
Cabe ressaltar que os desenhos podem ser classificados em dois tipos básicos:
- projetivos: resultam de projeções do objeto em um ou mais planos de projeção (vistas ortográficas e perspectivas);
- não-projetivos: desenhos resultantes de cálculos algébricos (gráficos, fluxogramas, diagramas etc.).
Percebe-se, portanto, que o desenho técnico normatizado é do tipo projetivo e sendo o desenho arquitetônico, em um sentido restrito, uma especialização do desenho técnico normatizado, voltada à execução e à representação de projetos de arquitetura.
Em uma perspectiva mais ampla, o desenho de arquitetura poderia ser encarado como todo o conjunto de registros gráficos produzidos por arquitetos ou outros profissionais da área. O desenho de arquitetura nada mais é do que uma linguagem gráfica padronizada, que visa facilitar a relação entre os consumidores, clientes e profissionais da área de construção civil.
Primeiramente, os desenhos arquitetônicos são executados sobre pranchetas, com uso de réguas, esquadros, lapiseiras, escalas, compassos, canetas de nanquim, etc. Levando o executor ao domínio das ferramentas e conhecimento de normatizações, fases do desenho e suas complementações, para posteriormente ser introduzido ao desenho informatizado.
Hoje podem ser também digitalizados através da computação gráfica, em programas de computador específicos, que quando reproduzidos devem ter as mesmas informações contidas nos convencionais. Ou seja, os traços e os demais elementos apresentados deverão transmitir todas as informações necessárias, para a construção do objeto, com a mesma representatividade, nos dois processos.
Você foi contratado como auxiliar de desenho em um escritório de Arquitetura, onde realizará as atividades de desenho manual. Nesse escritório muitos serviços são realizados, e muitos deles requerem traços precisos, bem como a utilização de equipamentos que auxiliem o desenho a ser realizado, copiado ou alterado manualmente, sem o auxílio de softwares específicos.
Para que seja realizada a atividade de desenho é necessário ter conhecimento de sua história, componentes e principalmente das Normas Regulamentadoras Brasileiras que definem e regulamentam o seu desenvolvimento. É fundamental que o profissional "copista" compreenda com clareza os componentes, formatos, símbolos e de sua representação final.
MODULO 01
Ao longo da história, a comunicação através do desenho evoluiu dando origem a duas formas de desenho: o desenho artístico (em que se expressam ideias e sensações, estimulando a imaginação do espectador); e o desenho técnico (em que há a representação dos objetos o mais próximo do possível, em formas e dimensões reais).
História
O homem se comunica por meio de grafismos e desenhos desde as épocas mais retrógradas. As primeiras representações foram executadas em forma de pinturas. A geometria descritiva de Gaspar Monge (1746-1818) foi o marco do desenho técnico. Ela propôs um método de representação bidimensional sobre uma superfície de papel das superfícies tridimensionais dos objetos, razão pela qual ela fundamenta a técnica do desenho até os dias atuais.
Com o advento da Revolução Industrial, surgiu mais controle dos processos construtivos, ou seja, mais rigor nos projetos das máquinas. Com isso, os projetistas necessitaram de um meio padronizado para se comunicar e assim foram instituídas, a partir do século XIX, as primeiras normas técnicas de representação gráfica de projetos. Vamos dar uma espiada nesta tal de normatização.
A arquitetura é expressa através do desenho. É por meio dele que o arquiteto exterioriza as suas criações e soluções, representando o seu projeto, seja de um mobiliário, um ambiente aberto, uma residência ou, até mesmo, de uma cidade. Segundo Schuler et al. (2008), "O desenho começou a ser usado como meio preferencial de representação do projeto arquitetônico a partir do Renascimento, quando as representações técnicas foram iniciadas nos trabalhos de Brunelleschi e Leonardo Da Vinci."
Normas de Desenho Arquitetônico:
NBR 6492/94 - Representação de projetos de arquitetura;
NBR 8196/99 - Emprego de escalas;
NBR 8403/84 - Aplicações de linhas - tipos e larguras;
NBR 10068/87 - Folha de desenho - leiaute e dimensões;
NBR 13142/99 - Dobramento e cópia.
Agora que já conhecemos as normas, e sabendo que todo trabalho necessita de ferramentas e materiais, vamos ver quais são as ferramentas que devemos conhecer para podermos desenhar.
Normas
Conforme já dito, o desenho é a principal forma de comunicação e transmissão das ideias do arquiteto, e através dele é que os demais profissionais envolvidos compreendem o que está representado em seus projetos e vice-versa. Schuler et al. (2008) relatam que a normatização para desenhos de arquitetura tem a função de estabelecer regras e conceitos únicos de representação gráfica, possibilitando ao desenho técnico atingir o objetivo de representar o que se quer tornar real. Dessa maneira é importante buscar o conhecimento das normas pertinentes. Esta norma estipula as exigências para a representação de projetos em arquitetura.
O tipo de papel depende do tipo de projeto, da reprodução de desenho e sobretudo do objetivo do desenho. A recomendação é que se utilize um papel transparente: vegetal ou sulfurize, ou papel opaco (por exemplo, o sulfite).
Já com relação ao formato de papel, deve-se reportar à norma NBR 10068/1987, que define que a margens devam ser: superior, direita e inferior = 10mm e esquerda = 25mm, no entanto, para o formato A4, as margens superior, direita e inferior devem ser de 7mm.
No canto inferior esquerdo, deve-se reservar uma área para a legenda (carimbo) seguindo a NBR 10068/1987.
As escalas são estipuladas pela NBR 8196/1999.
A escrita técnica é preconizada pela NBR 8402/1996, no entanto a NBR 6492/1994 apresenta, em seu anexo, os tipos de números e letras para o desenho arquitetônico.
As aplicações dos tipos de linhas são definidos pela NBR 8403/1984, mas a NBR 6492/1994 apresenta as aplicações mais utilizadas nos desenhos arquitetônicos.
Outras notações também são definidas por esta norma:
- INDICAÇÃO DO NORTE MAGNÉTICO;
- INDICAÇÃO DOS ACESSOS;
- INDICAÇÃO DOS SENTIDOS DE ESCADAS E RAMPAS;
- INDICAÇÃO DE INCLINAÇÃO DE TELHADOS E PISOS;
- REPRESENTAÇÃO DE COTAS DE VÁRIOS TIPOS;
- INDICAÇÃO E MARCAÇÃO DE CORTES;
- INDICAÇÃO DE FACHADAS E ELEVAÇÕES;
- DESIGNAÇÃO DE PORTAS E ESQUADRIAS;
- REPRESENTAÇÃO DOS MATERIAIS USADOS.
NBR 8196/99 - Emprego de escalas
Esta norma preconiza as diretrizes para o emprego de escalas e suas designações em desenhos técnicos. Assim, define como devem ser representadas as escalas e que estas devem ser representadas na legenda da folha de desenho, caso seja apenas uma escala utilizada. Caso haja necessidade de utilizar outras escalas na mesma folha de desenho, elas deverão ser indicadas junto ao detalhe ou vista. Salienta também que a escolha da escala está diretamente ligada à finalidade e à complexidade do objeto que se deseja representar e a escolha desta definirá também o formato da folha a ser utilizada para a representação do desenho.
NBR 8403/84 - Aplicações de linhas - tipos e larguras
Esta norma define os tipos e os escalonamentos de larguras de linhas que devem ser empregados nos desenhos técnicos e desenhos semelhantes. As linhas respeitam o mesmo escalonamento dos formatos de papel, ou seja, se houver uma redução ou ampliação do desenho, devem ser mantidas as larguras originais das linhas. O escalonamento de larguras em milímetros devem seguir a sequência: 0,13 - 0,18 - 0,25 - 0,35 - 0,50 - 0,70 - 1,00 - 1,40 - 2,00.
Outro aspecto definido por esta norma é que há dez tipos de linhas com suas respectivas espessuras, para facilitar a compreensão e a interpretação dos desenhos, pois para cada tipo há o uso adequado.
NBR 10068/87 - Folha de desenho - leiaute e dimensões
Esta norma define uma padronização dimensional e de leiaute da folha de desenho técnico, tendo como formato padrão a folha denominada A0, que possui 1 metro quadrado, com a dimensão 841 x 1189mm. Os outros tamanhos derivaram deste e serão menores. A escolha do formato será em função da clareza do desenho, sempre priorizando os tamanhos menores, se possível. As margens limitam os espaços para o desenho, e a margem esquerda deve sempre ser maior que as demais para possibilitar a furação desta e posterior arquivamento do desenho. Ela também reforça a necessidade de que todas as folhas de formato A devem ser executadas 4 marcas de centros.
NBR 13142/99 - Dobramento e cópia
Esta norma define como devem ser realizados o dobramento e a cópia de desenho técnico. O formato final do dobramento deve ser o A4, ou seja, mesmo que se utilize uma folha A0, A1, A2 e A3, este formato deverá ser atingido por meio do dobramento adequado da folha. Outro aspecto a ser atendido é que o dobramento deverá ao final deixar a legenda visível, atendendo assim à NBR 10582/1998. Caso as cópias do desenho de formatos A0, A1 e A2 devam ser perfuradas para arquivamento, o canto superior esquerdo deve ser dobrado para trás.
Materiais e instrumentos do desenho arquitetônico
Borracha
Para quem faz desenho técnico é muito importante se ter uma borracha de qualidade para correções. A Caneta Borracha é muito procurada por ser extremamente fina e facilitar muito o trabalho na hora de apagar detalhes.
Lapiseira e grafite
Para o desenho técnico, são usadas basicamente as lapiseiras 0.3mm e 0.5mm, variando os grafites quanto a necessidade de peso e espessura dos traços. Os grafites mais usados são: 2H, H, F, HB.
Série B (B, 2B...) - macio e traços largos
Série H (H, 2H...) - duros e traços estreitos
Série HB e F - Intermediários
Esquadro
É um instrumento utilizado em desenhos arquitetônicos, possui forma de um triângulo retângulo, ou de um L que seve para traçar linhas perpendiculares e algumas linhas inclinadas, também para medir e verificar ângulos retos. Em geral, são feitos de acrílico ou plástico.
Transferidor
A principal função do transferidor é medir ângulos entre duas linhas de interseção, desenhar ou criar ângulos específicos.
Réguas T e Paralela
As réguas são instrumentos para traçado de retas paralelas e perpendiculares, a serem usadas juntamente de um par de esquadros.
Prancheta
Uma mesa, normalmente inclinável, na qual é possível manter pranchas de desenho em formatos grandes (como o A zero) e onde se possam instalar réguas T ou paralelas.
Escalímetro
Um tipo especial de régua, normalmente com seção triangular, com a qual podem ser realizadas medidas em escalas diferentes. Podem ser apresentados em cinco modelos comerciais, sendo o mais utilizado o nº 1 que contempla as escalas: 1:20/1:25/1:50/1:75/1:100 e 1:125.
Escalas
Escala é a relação proporcional entre a medida do objeto (tamanho real) e a medida do desenho. Sem a escala exigiria-se um papel do tamanho daquilo que estamos desenhando. No caso de uma planta baixa, seria tão grande que não caberia no cômodo além de difícil de ler, por isso, usamos a escala de desenho. Desenhamos aquilo que desejamos reduzindo todas as dimensões proporcionalmente segundo uma escala. Podemos por exemplo reduzir todas igualmente dez vezes. Temos, neste caso, uma escala de 1:10 (lê-se: um para dez).
Exemplos
Escala de 1:50 (a mais comum em arquitetura): cada metro no desenho corresponde a 50 metros reais, ou seja, 1cm corresponde a 0,5m, ou 50cm.
Escala de 1:100: cada metro no desenho corresponde a 100 metros reais, ou seja, 1cm corresponde a 1m.
Escala de 1:20: cada metro corresponde a 20 metros reais, ou seja, 1cm corresponde a 0,2m.
Escala de 1:25: cada metro corresponde a 25 metros reais, ou seja, 1cm corresponde a 0,25m.
Folhas
As folhas mais usadas para o desenho técnico são do tipo sulfurizê. Anteriormente à popularização do CAD, normalmente desenvolvia-se os desenhos em papel manteiga (desenhados a grafite) e eles eram arte-finalizados em papel vegetal (desenhados a nanquim). Os desenhos devem ser executados em papéis transparentes ou opacos, de resistência e durabilidade apropriadas. A escolha do tipo de papel deve ser feita em função dos objetivos, do tipo do projeto e das facilidades de reprodução.
Papel transparente: manteiga, vegetal, albanene, poliéster e cronaflex.
Papel opaco: canson, schoeller ou sulfite grosso. Atualmente o papel mais utilizado para projetos é o papel sulfurizê, que é transparente apesar de opaco, recomendado para desenhos coloridos e desenhos a lápis.
Compasso
É um instrumento de desenho que faz arcos de circunferência.
Caneta Nanquim
É uma caneta que contém um reservatório recarregável de tinta.
Caneta Nanquim
A tinta nanquim ou tinta da china é um material corante preto originário da China. É preparada com negro-de-fumo coloidal e empregada em desenhos, aquarelas e na escrita. Desenvolvida pelos chineses há mais de 2.000 anos, é constituída de nanopartículas de carvão suspensas em uma solução aquosa.
Gabaritos
Pequenas placas plásticas ou metálicas que possuem elementos pré-desenhados vazados e auxiliam seu traçado, como instalações sanitárias, circunferências, etc.
Normógrafo
O normógrafo é um instrumento auxiliar para desenho. O tipo mais comum é o normógrafo para desenho de caracteres, porém há outros destinados ao desenho de formas geométricas, como círculos e polígonos. Pode ser uma régua vazada através da qual se desenham letras e números ou então uma régua com sulcos no formato dos caracteres, que são transferidos para o papel através de um instrumento denominado de aranha para normógrafo.